O Reconciliar Pessoal em Cristo



O RECONCILIAR PESSOAL EM CRISTO

Por Frater Angelumes

Alguns meios esotéricos definem as seitas em geral como "grupos sectários"; classificando-as ora como totalitárias, quando consideram as leis divinas como superiores às humanas, fazendo seus seguidores romperem com a sociedade, abandonando seus projetos de vida; ora como intolerantes, quando consideram suas crenças como certezas baseadas em verdades absolutas, embasando-as geralmente na interpretação literal de textos religiosos clássicos; sendo típico, em todas elas, a promessa de cura dos sofrimentos físicos ou psíquicos de seus seguidores.

Em minha modesta opinião, de acordo com o contexto que foi exposto sobre as seitas, a palavra chave cabível aqui deve ser “Compaixão”, cujo significado seria: “Absoluto respeito pelas escolhas alheias, sem interferência no direito de cada um seguir seu próprio caminho”. Isto não quer dizer que tenhamos que ser omissos quanto à prática do mal, mas que, acima de tudo, devemos prezar pela liberdade humana, onde cada um aprende com seus próprios erros e acertos, e arcando inevitavelmente por seus próprios atos, sejam eles bons ou ruins.

Sabemos que as pessoas buscam Deus de inúmeras formas, assim, acredito que o importante é a busca em si, não importando de que maneira. No entanto, podemos constatar que existe um processo de aperfeiçoamento dessa busca, onde a palavra chave acredito que seja “Discernimento”. Seu significado seria: “A capacidade do ser humano de fazer suas escolhas, de acordo com o nível de entendimento alcançado com o acúmulo de experiências”. Ou seja, quanto mais aprendemos, nossa busca por Deus será feita por caminhos cada vez mais sábios.

Assim, cada vez menos nos deixamos levar pelos engodos e enganos, desenvolvemos nossa vontade própria e assumimos cada vez mais responsabilidade sobre nós mesmos. Esta regra se aplica especialmente à busca da verdade onde, começando pela inquietação e pelo reconhecimento da nossa própria ignorância, passamos a seguir eventualmente uma seita e aceitamos a intermediação de um sacerdote ou guru entre nós e o divino; então, quando alcançamos discernimento suficiente, passamos a empreender, sem intermediação, nossa busca pessoal por Deus.

Encontro-me numa situação onde me é permitido perceber como a grande massa da humanidade ainda depende de líderes que lhe digam como se comportar, o que pensar e que caminho trilhar. Contudo, percebo também que há muitos Irmãos e Irmãos trabalhando arduamente pela regeneração, buscando sinceramente a reconciliação pessoal em Cristo e a reintegração com O Absoluto. Creio que me encontro numa situação intermediário, pois desejo antes da reintegração, auxiliar a outros igualmente desejosos pela reconciliação.

Nenhum julgamento tenho quanto à escolha de cada pessoa de seguir seu próprio caminho, desde que respeitem igualmente as escolhas e integridade alheias. Encaro as seitas em geral, como as pautas de um caderno infantil, necessárias para que as crianças aprendam a escrever corretamente. Quanto às pessoas que adentram na maturidade de sua busca espiritual, recomendo que assumam responsabilidade absoluta por tudo que fazem, expressem sua mestria e conduzam suas próprias vidas, com liberdade, justiça e amor.

Saliento, entretanto, que não devemos esquecer as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 23:11): “O maior dentro vós será vosso servo”. Pois quanto mais penetramos no caminho da verdade, mais nos compadecemos por nossos irmãos e irmãos que ainda não despertaram para a verdade eterna. Então, quando despertamos em Cristo, colocamo-nos imediatamente em serviço, pelo bem de todos, e não descansaremos até toda a humanidade ser resgatada no seio da totalidade do Pai, na unicidade divina do Filho e na integridade do Espírito Santo.

Amém.


Frater Angelumes