AMOR, COMPREENSÃO e TOLERÂNCIA:
ATRIBUTOS ESPIRITUAIS
Por Frater Angelumes
Companheiros, irmãos e irmãs, nós que estamos em busca da verdade... Sabemos que nossas almas insistentemente entrecruzam seus caminhos no plano terrestre mediante os relacionamentos de nossas personalidades; onde inúmeras situações, momentos históricos, lugares e culturas, fazem parte de nosso patrimônio de experiências vividas através do espaço e do tempo.
Todas essas experiências são baseadas em relacionamentos quase sempre dramáticos, regidos por paixões violentas, contradições e dúvidas; um jogo humano de enganos e desenganos, de vida e de morte, onde as lições de vida são aprendidas através de terríveis encontros entre os algozes e suas vítimas, que mostram aos demais, através dos maus exemplos, o que não deve ser praticado.
Por outro lado, também sabemos que a vida não se resume a breves e irresponsáveis relacionamentos entre personalidades, mas que essas personalidades são encarnações terrenas de seres verdadeiros, atemporais, perenes, cujas presenças nesse mundo são recorrentes e sagradas: Nossas Essências Divinas, incondicionalmente comprometidas com a evolução da humanidade.
Entrementes, essa evolução significa a ampliação da capacidade humana de expressar sua própria divindade, através de ações, emoções, pensamentos e sentimentos superiores; orquestrada por um grande plano de salvação que tornará o jogo humano em um jogo divino, composto de encarnações glorificadas, que passarão a se relacionar espiritualmente em outro plano de existência.
Este plano de salvação é sagrado, pacífico, coletivamente inclusivo, trabalhado em oculto por grupos encarnados especializados na recepção e difusão de informações espirituais para a humanidade, chamados "Portadores da Luz". Esse trabalho consiste apenas em iluminar os lugares escuros – nesse caso, as mentes e corações – para que as pessoas vejam com clareza o que fazem.
Então, podemos concluir que há basicamente duas maneiras de impulsionar a evolução humana, uma através do drama e do sofrimento, e outro através do arrependimento e da paz. Cabe a nós escolhermos a maneira que mais nos convém, pois somos todos almas livres. Porém, quanto mais permitimos sermos tocados por nossa Essência Divina, mais escolhemos a paz.
Isso porque a presença divina nos traz a luz que clareia nossa percepção e discernimento perante a realidade, despertando-nos para o Amor, a Compreensão e a Tolerância, entre muitas outras virtudes que nos trazem a paz. E no que diz respeito ao aperfeiçoamento dos relacionamentos que levam a essa paz, proponho aqui uma palavra chave: A Compaixão.
No entanto, tentarei conceituar as virtudes do Amor, da Compreensão e da Tolerância como atributos espirituais, caminhos que possam revelar e expressar a divindade contida em cada um de nós; que nos unem como família espiritual, nos faz superar os dramas da vida, e respeitar a tudo e a todos como obras de Deus, caminhos que levam ao aperfeiçoamento da humanidade.
O ATRIBUTO ESPIRITUAL DO AMOR
A antítese do amor é o medo. Enquanto o amor une, o medo separa. O amor traz alegria, segurança e satisfação, enquanto que o medo causa a ira, a desconfiança e o ódio. Porém, é o desamor para consigo mesmo a maior causa de tristeza, criando inveja, descontentamento e insatisfação. A baixa estima, incentivada pelo conceito do pecado, aflige o ser humano, afastando-o de Deus.
Contudo, o maior mandamento, como ensinado pelo Cristo, é amar a Deus sobre todas as coisas, e daí, amar ao próximo como a si mesmo; o que equivale dizer que quem ama a Deus ama ao próximo, ou a divindade que está no próximo, e quem ama a si mesmo ama a Deus, reconhecendo assim sua própria divindade interior refletida em todas as pessoas.
Então, quando a pessoa pede perdão a Deus, deve antes perdoar-se a si mesmo, pois Deus não julga, e sim deu ao homem todo o juízo, para que revogue sua culpa antes que advenha o remorso. Porque, o auto-perdão é sagrado e imperativo para que o ser humano seja capaz de estender o perdão a aqueles que lhe tenham ofendido, pois são todos seus semelhantes, à imagem de Deus.
Através do perdão o homem se liberta das suas amarguras e conquista paz, harmonia e tranquilidade em seu interior, fazendo-o capaz de vislumbrar o verdadeiro amor, aquele que é divino. Passa a perceber a unidade da vida, não apenas vivenciando os laços fraternais para com seus semelhantes, mas passa a amar a totalidade da vida, seja ela mineral, vegetal, animal, humana ou suprahumana.
Portanto, o amor divino diz respeito ao reconhecimento da totalidade das coisas, sem limitações ou condições. É a percepção da essência espiritual e divina que habita e anima todas as formas, como sendo todas expressões de Deus. Resgata o ser humano para a integridade do Espírito, voltando a sentir-se parte de Deus, membro de uma verdadeira Família Divina, que está por toda parte em amor.
Assim, o atributo espiritual do amor, é a percepção da conexão intrínseca existente entre a humanidade e o universo. Não o universo físico e vital manifestado, que nos parecem cheios de conflitos e contradições de vida e morte, e sim o universo espiritual que une todas as coisas com um propósito aparentemente oculto, mas que o amor divino é capaz de nos revelar.
Somos todos seres espirituais em essência, porém, nem tudo que verdadeiramente somos está encarnado. A maior parte do que realmente somos zela por nós desde os céus, ama-nos incomensuravelmente e sempre estão ao nosso lado incondicionalmente nos amparando, como o pai que espera o retorno de seus filhos pródigos de volta ao lar, nosso retorno ao lar espiritual de onde viemos.
O ATRIBUTO ESPIRITUAL DA COMPREENSÃO
A capacidade de compreensão humana está confinada à sua percepção de realidade, condicionada a quatro dimensões, sendo três espaciais e uma temporal. Conceber a percepção de realidade considerando-se apenas três dimensões espaciais, sem o tempo, ou uma quinta dimensão além das quatro normais, é extremamente difícil ou mesmo impossível para a mente humana comum.
Então, podemos supor que nossas mentes estão formatadas para funcionar em quatro dimensões, que poderiam inclusive condicionar todos os nossos valores intelectuais e morais, bem como nossos sistemas conceituais e lógicos. Daí, perguntamos: Será que todos os nossos conceitos do que seja certo ou errado, valeriam para outras supostas formatações mentais que não sejam humanas?
Podemos conjecturar que para o reino animal poderia escapar uma dimensão e para o reino suprahumano imediato poderia estar acrescido de pelo menos mais uma. Tanto é que o comportamento animal nos é de difícil compreensão, além do que, atribuímos a Deus ou a entidades suprahumanas tudo que escapa à nossa compreensão, como os milagres ou os fenômenos paranormais.
Contudo, podemos escapar momentaneamente das limitações da mente, como através das experiências oníricas espontâneas ou impropriamente forçadas, técnicas de meditação avançada, desdobramento astral e mental, entre outros estados alterados de consciência; fazendo-nos acostumar com situações que não tem nenhuma lógica, colocando à prova os nossos valores.
Mas o que realmente importa é que tudo isso nos faz questionar nossos comportamentos e atitudes, principalmente aqueles que causam tristeza, dor ou sofrimento para nós e os outros; não nos conformando mais com situações desagradáveis que poderiam ser evitadas, compreendendo que as coisas podem ser diferentes, operando mudanças que tragam alegria, tranquilidade e prazer a todos.
O caminho de transformação dos nossos males em bem aventurança tem um roteiro: Começa pela inquietação, depois vem a busca do conhecimento, filtrado pelo discernimento que nos ensina a fazer as melhores escolhas, então trocamos o sofrimento pelo prazer de viver em paz, com beleza e serenidade, culminando na sabedoria que nos prepara à iluminação e ao êxtase multidimensional.
Em seguida, vem a compreensão da vida espiritual para além da mente, do tempo e do espaço, penetrando no não-tempo, no hiper-espaço e na vida eterna; onde não há começo nem fim, onde constatamos que podemos habitar qualquer forma, ou a não forma, ou somente luz, expandindo ilimitadamente nossa consciência até onde quisermos, inclusive fundindo-nos à totalidade do Ser.
O ATRIBUTO ESPIRITUAL DA TOLERÂNCIA
Existem as ferramentas básicas que nos fazem aderir ao plano terrestre da densidade material: O corpo físico ou ativo, o corpo etérico ou energético, o corpo astral ou emocional, e o corpo mental ou do pensamento. Todos necessários para interagirmos com o planeta, desenvolvermos a vida humana e buscarmos o caminho para Deus, a partir da densidade.
Medo e dúvida geram inquietação, que gera conhecimento e discernimento, que gera sabedoria e iluminação. Neste ínterim, nos damos conta de que todos estão no caminho do amor e da compreensão, lutando contra a ignorância, sofrendo com os males da vida, ensinando e aprendendo as lições do bem viver, cada um ao seu modo aprende a lei da convivência através da tolerância.
Vemos aqueles que se debatem entre a valentia e a covardia: Uns não suportando absolutamente nenhuma ofensa e, sentindo-se totalmente ameaçados, partem imediatamente e sem pensar para a violência e a agressão; outros, quando ofendidos medem os riscos e as consequências para si, avaliam se o oponente é forte ou fraco, e somente nesse último caso, partem para a agressão.
Percebemos também aqueles que não necessariamente se sentem mais fortes perante seus oponentes, e sim melhores, superiores e donos da verdade; diferentemente dos anteriores, não partem para a retaliação física, e sim verbal, infringindo danos morais utilizando-se de preconceito, prepotência e arrogância, dando margem à maledicência, à vingança, ao ódio e ao desprezo.
Eis então que alguns desabam para a baixa estima, sentindo-se desprezados, miseráveis e impotentes, totalmente indígnos e vítimas da dureza da vida, da opressão dos tiranos, e da injustiça dos sistemas sociais e econômicos; então partem para a tentativa de sensibilização dos outros, para a mendicância e à lamúria, ou ainda pior, para a desonestidade, o latrocínio e a bandidagem.
Exauridas as experiências anteriores e constatadas a ineficiência dessas posturas perante os problemas da vida, o ser humano bem aventurado parte para o amor, a misericórdia, a caridade e o altruísmo; porém, deixa-se muitas vezes enganar pelos quatro tipos anteriores, exaurindo seus recursos, energia e boa vontade, constatando o comodismo, o oportunismo e a ingratidão humana.
Finalmente a boa vontade, gerada pelo amor pelas causas nobres, transforma-se em sabedoria. É quando surge a compreensão de que o ser humano não precisa ser ajudado, pois há um propósito maior por trás das escolhas que cada um faz para si mesmo: Primeiro vem a intolerância devido às diferenças, depois se cultiva a tolerância buscando-se as semelhanças, e por fim vem a Compaixão.
A ESPIRITUALIDADE DA COMPAIXÃO
Compaixão é o amor incondicional por nossa família espiritual, o Amor que devemos a Deus sobre todas as coisas; é a Compreensão da vastidão do espírito, refletido nos nossos semelhantes; é a Tolerância Absoluta pelas escolhas alheias, o exercício da percepção da presença de Deus em todos os aspectos da vida, na inteligência e na liberdade de todos os seres conscientes de si mesmos.
A Compaixão é fruto do Amor, da Compreensão e da Tolerância Divina, refletidos no ser humano. O Amor nos dá a percepção da unicidade de Deus, presente em cada ser vivente; a Compreensão nos dá a percepção da vastidão, bem aventurança e integridade de nosso Ser Maior; e a Tolerância Absoluta nos enseja a percepção da totalidade da vida, através da Compaixão.
Todo ser humano é um aspecto revelado da divindade que ora finge ser mau, praticando a violência, a prepotência ou a indignidade, ora finge se bom, praticando a misericórdia, a caridade e a tolerância. Porém, é a Compaixão, o respeito absoluto pelo ser humano, suas escolhas individuais e livre arbítrio, que nos liberta para a verdadeira compreensão do propósito da vida.
Quando alcançamos a perspectiva espiritual das coisas, constatamos que tanto o algoz quanto sua vítima são seres cuja essência é divina, e concordam antecipadamente em cumprir seus papéis dramáticos na vida para mostrar àqueles que ainda convivem com a dureza de seus corações, a injustiça e o juízo que se faz necessário, a imprudência da ignorância e a inconveniência do mal.
Constatamos também que aqueles que se fazem miseráveis, indignos ou perseguidos pela injustiça, igualmente são almas nobres, lançando seu apelo àqueles de coração endurecido, mostrando a conveniência da bondade, da atitude responsável, do banimento do egoísmo e da prática da consolação aos aflitos; provando que os recursos podem ser partilhados sem prejuízo a ninguém.
Porém, constatamos que: “Melhor que doar o peixe, é ensinar a pescar”; para que a opulência seja o direito próprio e intrínseco de cada pessoa, gerando as virtudes individuais necessárias para que cada um assuma responsabilidade pelo progresso de si mesmo – temperança, fortaleza, prudência e justiça – através da educação, da cidadania e da dignidade, enobrecedoras da pessoa humana.
Contudo, somente através da comunhão fraternal entre os homens e mulheres de boa vontade que desejam trilhar as vias reais, são revelados os segredos da vida superior e do propósito divino para com a humanidade; momento em que aqueles que se auto-outorgam o dever de servir a Deus, aos seus semelhantes e ao Planeta, assumem a responsabilidade maior pelo progresso da vida.
Assim, através da glorificação do Ser, estaremos nos habilitando para zelar por nossos irmãos e irmãs que continuam vivenciando o jogo da vida humana, inspirando-os às ações, emoções, pensamentos e sentimentos superiores; que lhes façam despertar para a Divindade que se encontra dentro de cada um, para elevar-nos todos à integridade, totalidade e unicidade do Espírito de Deus.
Frater Angelumes
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